segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Meu circuito fechado

Celular, cama, celular, cama, sandálias, ventilador. Gato. Vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Copo, jarro, leite, açúcar, aveia, banana, mamão, liquidificador. Gato. Escova, creme dental, água. Blindex, sabonete, água fria, toalha. Desodorante. Pente. Cueca, camisa, calça, meias, sapatos. Mochila, pasta, celular, carteira, chaves. Ônibus. Teclado, monitor, escadas. Cadeira, bloco de anotações, lápis, copo, calendário, teclado, monitor. Teclado, monitor, escadas. Bandeja, prato, talheres, guardanapo, balança, mesa, cadeira, teclado, monitor, cartão, máquina, recibo. Poltrona. Teclado, monitor, escadas. Cadeira, bloco de anotações, lápis, copo, calendário, teclado, monitor. Mochila, pasta, celular, carteira. Teclado, monitor, escadas. Ônibus. Cadeira, lápis, caneta, borracha, caderno. Mochila, pasta, celular, carteira. Ônibus. Chaves, grade, porta. Gato. Camisa, sapatos, meias, calça. Bermuda, chinelos. Gato. Geladeira, fogão, prato, talheres, televisão. Gato. Blindex, sabonete, água fria, toalha. Pente. Bermuda, chinelos. Notebook, lápis, borracha, caderno. Gato. Ventilador, cama, travesseiro.

* Circuito Fechado é uma crônica muito conhecida de Ricardo Ramos, que serviu de base para a minha versão, uma brincadeira para mostrar a mim mesmo o quanto a vida pede por mudanças de tempos em tempos. Na primeira parte da crônica, o autor discorre sobre a cansativa rotina de um trabalhador utilizando apenas substantivos, objetos com os quais o personagem se depara ao longo do seu dia. E, dessa forma, sem verbo, sem conjunções ou outros elementos sintáticos construtores mais claros de sentidos, o texto vai nos mostrando as ações, os hábitos, a vida do trabalhador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário