sábado, 15 de março de 2014

Um encontro com a arte contemporânea

por Carlos Henrique Costa


A tarefa de um galerista de arte é árdua. Leva tempo para que se ganhe a confiança e a notoriedade no mercado local. Com a formação de uma clientela, então se torna possível alçar voos mais altos e conquistar, também, os mercados nacional e internacional. Paulo Darzé é um exemplo vivo de experiência de sucesso num mercado tido como instável e com público oscilante. Com 31 anos no mercado de arte, começou com uma pequena galeria no Salvador Praia Hotel, no bairro de Ondina, em 1983, em sociedade com um amigo. Depois, decidiu seguir sozinho e mudou-se para a Graça, onde, desde 2003, ocupa um espaçoso galpão no Corredor da Vitória.

Paulo Darzé não esconde as dificuldades que enfrentou e ainda enfrenta para comercializar obras de arte contemporânea. De fato, a arte contemporânea passa por uma grande resistência do público frente às obras produzidas. O senso de estética da arte moderna, iniciado em meados do século XIX, ainda influencia o olhar do público. Naquela época, os movimentos nasciam com o lançamento de manifestos, os quais funcionavam como manuais para a crítica e para o público. Toda a intenção por trás dos movimentos orientava o olhar dos especialistas da arte e, consequentemente, do público. Este pensamento perdura e afasta o público acostumado a vangloriar o antigo, uma arte que se pretendia clássica, longeva, atemporal. Ao contrário disso, a arte contemporânea manisfesta-se no momento que o público a observa; seu 'sentido' é construído durante a fruição. O observador complementa a obra de arte, passa a ser parte de sua produção, não tendo mais um papel passivo. E isso causa incertezas, estranhamentos. Esse cenário exige maior esforço por parte do galerista, que passa a desempenhar também a função de marchand. Ele é responsável pela organização de exposições, apresentando novos artistas ou os novos trabalhos de artistas já consagrados.


Na opinião de Paulo Darzé, o baiano, ainda impregnado de um senso estético barroco, tem um olhar conservador sobre as obras de arte contemporânea. Por isso, as galerias passaram a exercer a função de impulsionar o cenário artístico local. Por meio de exposições, apresentam ao público artistas reconhecidos no eixo Rio-São Paulo, contribuindo para “abrir o olho da produção local”. Pela galeria, situada no Corredor da Vitória, já passou, por exemplo, Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão, mais conhecido como Tunga, notável artista contemporâneo nacional. Nascido na pequena cidade de Palmares, interior de Pernambuco, vive hoje no Rio de Janeiro, mas já tem carreira internacional – suas provocadoras instalações alcançaram salões em Nova Iorque, em Chicago, em Paris e em Amsterdã. Hoje, é citado por Darzé como um dos artistas cuja exposição mais ajudou na consolidação da sua galeria no mercado de arte.



Paulo Darzé Galeria de Arte
Rua Dr. Chysippo de Aguiar, 8 – Corredor da Vitória
Tel.: (71) 3267-0930
Horário de Funcionamento: segunda à sexta, das 9h às 19h; e sábado, das 9h às 13h.