Ele foi meu colega na empresa de tecnologia da Prefeitura de Salvador. No pouco tempo em que trabalhei lá, presenciei os maiores absurdos, típicos de uma empresa aparelhada, cujos chefes eram indicados politicamente. Antônio Imbassahy era o prefeito. Já desligado da administração municipal, tempos depois, com a prefeitura administrada por João Henrique, eu vi a chefe de um dos departamentos da empresa municipal de tecnologia no rio vermelho com a camisa do PT, "comemorando" a reeleição de Lula. Surpreendido com o que vi, respirei aliviado por não pertencer mais ao quadro daquela empresa.
Mas meu colega persistiu, ficando na empresa por doze anos. E tentou executar projetos em prol da população. Sem êxito. Recentemente, uma nova oportunidade de trabalho apareceu-lhe. De imediato, pediu desligamento e enviou uma mesagem a todos os colegas, a qual transcrevo a seguir com o consentimento dele. Para além de uma crítica à política municipal, a mensagem de meu colega apresenta uma reflexão ao que já figura como aspecto da cultura baiana.
Mas meu colega persistiu, ficando na empresa por doze anos. E tentou executar projetos em prol da população. Sem êxito. Recentemente, uma nova oportunidade de trabalho apareceu-lhe. De imediato, pediu desligamento e enviou uma mesagem a todos os colegas, a qual transcrevo a seguir com o consentimento dele. Para além de uma crítica à política municipal, a mensagem de meu colega apresenta uma reflexão ao que já figura como aspecto da cultura baiana.
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Amigos,
Primeiro lugar um excelente dia e um desejo de um futuro brilhante para todos.
Peço
desculpas pela maneira abrupta como estou avisando da minha saída da
empresa, mas foi assim que as circunstancias determinaram: fui convocado
abruptamente para tomar decisões importantes e entre elas seguir um
novo caminho.
Queria agradecer a todos vocês,
mais próximos ou menos próximos, que consciente ou inconscientemente me
concederam uma oportunidade ímpar de aprendizado intelectual, humano e
espiritual na Prefeitura do Salvador. Tenho muito a agradecer pelo que
desenvolvi, não pelo conhecimento técnico (esse que é passageiro e
devorado pelas constantes mudanças tecnológicas) mas, pelo conhecimento
que obtive das organizações, das pessoas, dos nossos comportamentos,
nossos defeitos-erros e nossas virtudes.
Carrego, como a maioria daqueles que já trabalharam na iniciativa privada, a frustração de não poder ter servido ao público-cidadão com projetos que poderiam tornar nossa cidade lugar melhor de se viver. Sinto pela crônica resistência da Prefeitura de Salvador em não ter
a sua própria Infovia, a Cidade Digital, que traria inestimáveis
benefícios às empresas, à prefeitura e à cidade. Desde 2006, o assunto
é de conhecimento de todos (empregados, gestores e políticos). Eu
fiz várias investidas externas e sei que existe uma
"resistência" que priva a cidade de um feito, que ao contrário do que se
pensa, traria grandes dividendos políticos, econômicos e sociais muito
mais vantajosos do qualquer outro arranjo político que se conceba.
Pode parecer arrogante ou ilusório, mas essa é a minha visão após 08 anos
de observação (permitam-me evocar John Lennon mas I'M A DREAMER com
muito orgulho).
É estranho ver
uma terra que tem a vocação natural para inovar e brilhar, o lugar onde
foi inventada a Guitarra Elétrica, que teve o primeiro Centro Espírita
do Brasil, onde foi descoberto o primeira fonte de Petróleo do país,
onde o mestre da Anísio Teixeira teve a
inspiração para propor a Revolução do Ensino, que já teve marca própria
de Refrigerante e Chocolate, é muito frustrante ver a terceira
capital do país apequenar-se a tal ponto de se orgulhar apenas do seu
"carnaval", seu "acarajé", seu "pelourinho" e da sua dupla "ba x vi".
Mas
o que dizer de uma cidade que no início do século 20 usava bonde como
transporte principal, mas em pleno século 21 ainda não concluiu o seu
metrô porque o poder político privilegiou o cronograma de interesses
privados concorrentes dos trilhos?
O que eu
tenho a dizer à classe política de Salvador é que um projeto político
vitorioso tem que adotar pelo menos um projeto de repercussão social
para fazer história. Podem falar o que quiser do atual Governo Federal,
mas ele adotou vários projetos de alcance e um deles é que sustenta a
vitória do partido ao longo dos últimos 12 anos. Simples assim, ou se
privilegia o financiamento de campanha e seus interesses particulares ou
se faz história através de transformações na vida das pessoas. O poder
público de Salvador ao deixar de fazer o planejamento da cidade e
terceirizá-lo à iniciativa privada (como fez ao extinguir seus órgãos
pensantes e a escantear funcionários de carreira) corre o risco de
permanecer por longo tempo uma cidade provinciana e só viver da sua fama
de cidade da "festa".
(...)
(...)
Estou por aí, mas ligados a vocês pelo coração e pela Internet!