terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O executivo dos projetos executivos

Semana passada, a presidenta Dilma foi à Sergipe inaugurar a ponte que liga o litoral sul deste Estado com o litoral norte da Bahia. A obra foi realizada com recursos federais e uma contrapartida do Governo do Estado (de Sergipe, vale a pena frisar). Com isso, a distância entre os dois estados foi ainda mais encurtada. Em 2006, uma outra ponte foi construída naquele Estado, desta em vez ligando a capital, Aracaju, ao município de Barra dos Coqueiros e, consequentemente, ao litoral sergipano. Também nesse caso, recursos federais foram despendidos, além de empréstimo feito junto ao BNDES. Esses empreendimentos não favorecem apenas o turismo. Eles aumentam os deslocamentos de pessoas e facilitam o transporte de mercadorias. Dessa forma, impulsiona o desenvolvimento dos municípios menores. 

Projetos arrojados parecem sair do papel mais facilmente em Sergipe do que aqui na Bahia. Sem discutir os valores astronômicos orçados para as obras, é fato que desde que assumiu a gestão do Estado, Jacques Wagner anunciou diversos projetos ousados, controversos, arrojados, tais como o metrô da Av. Paralela, que ligará o centro ao aeroporto, terminando no início do município vizinho, Lauro de Freitas. Atualmente, o projeto encontra-se na Prefeitura de Salvador, aguardando aval do prefeito para iniciar a licitação. Toda a discussão começou em 2011, incluindo estudo de viabilidade, análise de propostas de empresas/concessionárias, consultas públicas, etc. 

Ponte Salvador-Itaparica
Outro projeto anunciado desde que assumiu o Palácio Tomé de Souza foi a controversa ponte Salvador-Itaparica, alvo de promessas de diversos candidatos que ocuparam ou que pleiteavam o mesmo cargo. Tudo bem que essa é uma construção bem mais complexa que as pontes sergipanas, pois atravessará a Baía de Todos os Santos (14 km de extensão), onde se situa o porto de Salvador, mas sequer o projeto executivo foi apresentado. Neste mês, a Seplan (Secretaria de Planejamento) divulgou um cronograma de ações, no qual está prevista uma consultoria para elaboração do projeto executivo. O edital está previsto apenas para 2014. Em se tratando de ano de Copa do Mundo, acho muito difícil que a licitação saia no prazo previsto.

Viadutos do imbuí
Esta semana, um novo projeto foi divulgado. Agora, o Governo pretende construir um complexo de viadutos para ligar a Av. Luís Eduardo Magalhães ao Imbuí, visando desafogar o trânsito da já intransitável Av. Paralela. Analisando a imagem acima, a primeira pergunta que surgiu foi: este projeto está integrado ao projeto do metrô? Um dos viadutos possui três grandes pilares de sustentação no canteiro central da avenida, mesmo lugar previsto para passar o metrô. Isso é viável? Além disso, o lançamentos de novos complexos viários, nitidamente voltado para veículos particulares, não contradiz à prioridade em investir no transporte público de massa? Ou seria apenas mais um paliativo?

Só para não dizerem que não falei de flores, é claro que alguns projetos estão sendo executados -- ainda não sei de um que tenha sido finalizado, como a Via Portuária, para ligar o porto à BR. Pois bem, em 2014, chegará ao fim o mandato do governador. Ao que tudo indica, a probabilidade dos grandes projetos, como os citados aqui, não saírem do papel é alta. Wagner corre o risco de ser conhecido como o executivo dos projetos executivos. Fico com pena do seu sucessor, que herdará todos esses projetos para executar, contando com a expectativa que eles criaram na população.

Um comentário:

  1. Esse viaduto do Imbui é a prova de que na Bahia não existe ninguém competente em urbanismo dentro da administração pública.

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